10 de novembro de 2015

Deputados que receberam doações da Vale-Samarco integram comissão encarregada de fiscalizar tragédia

Imagem da internet
Na comissão de representação da Assembleia Legislativa para acompanhar os impactos causados pela tragédia do rompimento das barragens da Samarco-Vale, em Mariana, em Minas Gerais, estão 15 deputados estaduais. Sete receberam doações da empresa - por meio da Vale, que tem 50% das ações da Samarco. Os outros 50% são da BHP Billinton - para a campanha eleitoral de 2014. Isso, para os meios políticos, faz com que a população olhe com desconfiança sobre as intenções dos parlamentares em integrar a comissão.

Comissão

A comissão foi criada nessa segunda-feira (9) e não se pode, ainda, dizer como será a postura dos parlamentares em relação à empresa. Pelos menos nos discursos inflamados na sessão dessa segunda, os parlamentares têm sido incisivos na discussão das responsabilidades da empresa no crime ambiental. 
Mesmo assim, deu para perceber que quem recebeu financiamento da empresa colocou o pé no freio na hora da crítica. Os financiados pela Samarco no grupo de acompanhamento são: Guerino Zanon (PMDB), Luzia Toledo (PMDB), Janete de Sá (PMN), Bruno Lamas (PSB), José Carlos Nunes (PT), Gildevan Fernandes (PV) e Rodrigo Coelho (PT). 
A preocupação dos observadores é que os parlamentares estejam no grupo para, em vez de cobrar uma compensação da empresa, defendê-la ou evitar que tenha uma cobrança mais dura para a mineradora. Uma situação parecida aconteceu na criação da CPI do Pó Preto, no primeiro semestre do ano. Na Casa, alguns nomes indicados para compor o grupo haviam recebido recursos da Vale e Arcellor-Mital e acabaram saindo do grupo para evitar contrangimentos com as poluidoras.
Com a CPI do Pó Preto, o poderio econômico não chegou a prejudicar o trabalho dos deputados, porque a sociedade organizada acompanhou de perto os desdobramentos da comissão. Para algumas lideranças políticas, o clima adverso da população com os agentes políticos de forma geral faz com que eles repensem a defesa intransigente dos grupos econômicos, sob o risco de se indispor com os eleitores. Como o próximo ano é eleitoral e boa parte dos parlamentares estará em campanha direta ou indiretamente, a cautela foi adotada para evitar desgastes políticos.

FONTE: Século Diário

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